São muito poucos aqueles que não consomem SAL diariamente, mas são também muito poucos os que sabem como funciona uma salina.
Foi isso que o projecto PORTUGAL TRADICIONAL este fim de semana, proporcionou a uns quantos que se aventuraram na Figueira da Foz, a ir saber como todo o processo da cristalização do SAL acontece, mas também o convívio entre catorze amantes desta modalidade, e como não podia deixar de ser o convívio com muitas melgas. Era caso para dizer "vai-te embora oh melga!!!" A concentração do grupo foi feita na Figueira da Foz na sexta-feira ao fim da tarde, onde pernoitámos tranquilamente, para no sábado pela fresquinha demandarmos o mercado municipal para comprarmos os mantimentos que iríamos cozinhar durante o fim de semana. O consenso foi facilmente alcançado tendo a ementa ficado definida com caldeirada para o almoço e uns grelhados para o jantar.
Era hora de rumar às salinas, e uma pequena coluna de seis autocaravanas iniciou a marcha sem qualquer tipo de sobressaltos.
A viagem foi curta, e depois de estacionadas as "meninas" eram quase horas de pensar no almoço, e por falta de tempo a "assembleia magna" decidiu (e bem) inverter a ordem da ementa pré estabelecida, e assim as entremeadas e febras avançaram para o almoço.
As salinas "Eiras Largas" estavam ali bem junto a nós e como não podia deixar de ser as primeiras perguntas sobre o seu funcionamento surgiram, e logo ali o Ti António, nos começou a dar uma extraordinária lição não só de salinas mas sobretudo de ....vida.
São momentos destes que nos enriquecem de uma forma maravilhosa e que nos levam a pensar que afinal ainda temos muito para aprender.
No espírito do PORTUGAL TRADICIONAL, é imprescindível que colaboremos com os nossos anfitriões nas suas tarefas e assim logo uma parte grupo, sempre sobre as orientações do Ti António, descalçaram-se e avançaram para dentro das salinas com o objectivo de apanhar alguma "Flor do Sal" e depois "rer"a salina. Diz-se "rer" quando se mexe a salina com um tipo de rodo em madeira, afim de fazer com que o sal já cristalizado à superfície se afunde deixando à superfície de novo a água para que se efectue a cristalização. Neste trabalho a companheira Irene foi sensacional....... .
Talvez a maioria de aqueles que lerem estas linhas, desconheçam que num quilograma de água do mar, existem em média 965 gr de água e apenas 35 gr de outros componentes onde o cloreto de sódio (sal) é o elemento dominante, e por isso é necessária a evaporação de uma grande quantidade de água para se conseguir uma solução saturada de NaCl (cloreto de sódio) onde a cristalização irá ocorrer. A cristalização do NaCl começa a acontecer aos 24º, e é já nos "talhos", nome dado aos tanques onde ela acontece, que a temperatura da água chega a atingir 32º.
Enfim, seria agora fastidioso falar de todo um processo extremamente exigente em termos de trabalho, e por isso a experiência vivida pode, e deve, ser também feita por todos aqueles que se interessam e querem enriquecer-se culturalmente.
Guardada a Flor do Sal apanhada, é altura de registarmos fotográficamente um pôr do sol espantoso, e recorrermos ao repelente para afugentar as melgas.
Na casa que utilizámos como zona de convívio e de refeições não havia electricidade pelo que foi à luz da vela que a caldeirada se "devorou" e o convívio aconteceu quase até à meia noite.
Momentos inesquecíveis, e que já hoje recordamos com alguma saudade.
Quando diariamente ouvimos as lamentações dos autocaravanistas, sobre os locais para estacionar e pernoitar, convido-os a fazer uma incursão no nosso País através do projecto PORTUGAL TRADICIONAL, sempre imbuídos no seu espírito e respeitando as suas regras.
Pena é que não se possa sentir o cheiro da caldeirada, que pelos vistos estava um primor. Mas as entremeadas também marchavam, ajudadas com um bom tintol.
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