terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Relatos de viagens I

Covas do Monte



Encravada na serra tal como o seu nome faz perceber, esta aldeia é bem um exemplo vivo daquilo a que nos habituámos a caracterizar como Portugal Profundo.
Telhados de xisto, cerca de 56 habitantes, e um rebanho comunitário com cerca de 2500 cabras, eis uma caracterização simples desta aldeia, que é indispensável conhecer.
Foi isso que fiz, em Outubro passado, a convite do companheiro Vitor Andrade, homem que me apresso a louvar por tudo aquilo que tem feito por Covas do Monte.
O encontro acordado, era ao fim da tarde de sexta-feira em S.Pedro do Sul, de onde partimos "chefiados" pelo Graciano, outro grande amigo daquela aldeia.
Á chegada ao alto de S.Macário, o nevoeiro fez a sua aparição, dificultando momentâneamente a visibilidade.
Iamos iniciar a descida, e os conselhos do Graciano sugeriam que uma boa parte da descida fosse feita em 1ª, pois o declive em muitos locais era de 18%.
Tudo decorreu de forma impecável, e a chegada aconteceu praticamente já noite. O arrumar das ACs, cerca de 12, sempre feita em marcha atrás, levou algum tempo, mas, a pressa não era nenhuma.
Aguardava-nos uma excelente vitela assada no forno, repasto este que serviu para uma primeira apresentação entre todos.
As horas passaram sem se dar por isso, e cerca das 23 horas começou a "debandada", para vale de lençóis.
Uma recomendação tinha sido dada entretanto pelo Vitor, "seria de todo conveniente, que às 9h todo o mundo estivesse a pé, para assistir à saída do rebanho para a serra".
A noite foi calma, e só o badalar das horas, nos fazia dar mais uma volta na cama.

Sábado

Tal como o acordado, às 9h toda a gente estava a pé, para assistir a um dos momentos mais espectaculares do fim de semana, a saída do rebanho.A espera não foi muita, e eis quando, parecendo nascer da terra, surgem cabras de todos os locais
iniciando a subida para a serra, acompanhadas pela pastora.Como curiosidade é bom dizer, que existe uma "escala de serviço" entre a população, para se saber quem é o pastor do dia.
Foi das imagens mais impressionantes a que assisti....... .

Procurámos seguir o rebanho por alguns metros, serra acima, mas, era íngreme demais e por isso ficámos a desfrutar do espectáculo de ver todos aqueles animais a subir por escarpas e zonas com tal declive, que parecia impossível de ultrapassar , mas para elas tudo eram facilidades.
Chegou entretanto a hora de almoço, mais uma vez servido divinalmente, durante o qual se aproveitou para se estreitarem ainda mais os laços de sã camaradagem. Terminado o repasto, aguardáva-nos a apanha do milho e posterior desfolhada, motivo principal do convite do Vitor Andrade para este fim de semana. Começo por confidenciar, que nunca tinha apanhado milho, e por isso as minhas dúvidas de como iria decorrer esta "empreitada". Por estranho que pareça, todo o grupo se entregou de alma e coração à tarefa e ao fim de cerca de 3 horas, o milho estava em cima do tractor, que o transportaria para o local da desfolhada.
Fizemos um pequeno intervalo, antes de se iniciar a desfolhada, que viria a realizar-se em casa do Presidente da Junta de Freguesia.
Para essa altura estava-nos reservada uma surpresa, um excelente tocador de concertina, que cantava a desgarrada como poucos.
Estavam reunidas as condições, para um serão de aldeia inesquecível, onde não faltou o vinho bebido pela tijela e os acepipes cozinhados pela esposa do Presidente.
Não sei quantas horas foram passadas na desfolhada, mas sei, que conseguimos surpreender aquelas gentes, com o trabalho realizado.
Era já perto da meia-noite quando se deu por terminada a tarefa com um sentimento de muita alegria, e do dever cumprido. O cansaço era também evidente e as nossas "casinhas"chamavam por nós.
A noite foi calma, e desta vez nem as horas se ouviram........... .


Domingo


Dia destinado a visitar o moinho e o lagar, que estão a ser recuperados aos poucos pelos amigos de Covas do Monte, que para além do Vitor e do Graciano inclui também o companheiro Serafim um Vianense dos quatro costados.
Para almoço de despedida, um cabrito assado no forno sensacional, regado com um bom vinho tendo como sobremesa um arroz doce caseiro de se lhe tirar o chapéu.
Chegava a hora da despedida e a questão que se colocava era "e agora quando é a próxima?".
Era tempo de engrenar a 1ª agora para subir...................

Dificílmente se poderá esquecer este fim de semana, fundamentalmente porque foi diferente em todos os aspectos. Um muito obrigado a todos, mas muito em especial ao Vitor responsável por tudo o que se passou.





























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